A porta fecha-se atrás de mim e uma voz aponta-me o lugar onde me devo sentar, o tal que eu estava a torcer desde manhã para me calhar. “Uau, que visão”. Parece que entro noutra dimensão, num cenário real de um filme do qual sou um dos actores principais.
Estamos estacionados no aeroporto de Lisboa, à noite, e já recebemos ordem para descolar. O meu comandante dá-nos uma lição muito rápida sobre alguns instrumentos de voo e insere algumas informações necessárias no computador.
- André, vou-te pedir para dar potência nos motores e acelerar para a descolagem, empurrando lentamente essas duas alavancas para a frente. Isso mesmo, essas. Para a frente.
Ouve-se o barulho dos motores e o avião começa a rodar na pista.
- Mais um bocadinho. Mais, mais… não é preciso toda. Está bom.
As luzes da pista e do aeroporto começam a passar rápido pelas janelas e sente-se as rodas a calcar as irregularidades do asfalto. Acelera, acelera, acelera e…
- Pronto, estamos no ar. Vou-me esquecer de recolher os flaps e o trem de aterragem para vocês verem como “ele” nos avisa. Toca um alarme.
- André, flaps para a posição 1 e trem de aterragem para cima. Aí, nessas alavancas. Isso mesmo.
Estamos mesmo no ar. Olho pelas janelas, para baixo, como se estivesse mesmo lá alguma coisa. E está. A ponte 25 de Abril, a marginal, Cascais lá ao fundo do lado direito. Passamos algumas zonas de turbulência pesada, ficamos algum tempo no meio de uma nuvem escura… até que nos aparece, lá ao longe, outro avião na nossa direcção, em zona de conflito.
- Traffic! Traffic! - avisa a voz do computador. Não é tão sensual como a voz da brasileira de mora no meu GPS, mas é eficaz.
Não nos desviamos e mantemos a rota de conflito, só para ver o que acontece.
- Descend! Descend! - o meu comandante obedece à ordem e o outro avião passa por cima de nós, tranquilamente e sem abanar.
Começamos a dar a volta para regressar. O simulador tem uma taxa de ocupação de 100% e há gente que precisa dele para trabalhar.
- Estão a ver a pista lá o fundo? Aquela faixa de luz que termina em vermelho? André, estás a ver esse joystick ao teu lado direito? Posso pedir-te para o usares para alinhar o avião com a pista?
Não hesito. Começo a virar o bicho para a direita. “Ups, já foi demais. Um toquezinho para a esquerda, agora outro para a direita. Mmm… acho que ainda não está bem”. Tento olhar para os monitores mas nunca gostei muito de jogar esse tipo de jogos no ZX Spectrum. Sempre preferi o Manic Miner, o Chuckie Egg, o Match Day, o Match Point e outros. E ainda confio mais nos meus olhos. Baixo o nariz do avião, empurrando o joystick para a frente, conforme indicação do comandante.
- Agora é melhor eu ajudar. Fazemos os dois.
- É melhor, é. Senão eu ainda espeto com isto no chão e é uma chatice.
Para mim, a ida ao simulador foi o auge destes dois dias de curso intensivo. Houve mais coisas importantes como, por exemplo, muita informação técnica e operacional que me fez compreender uma série de dúvidas que eu sempre usei para, sozinho no meu lugar de corredor, inventar um monte de filmes e enredos que, invariavelmente, acabam em desgraça. Para outras pessoas do grupo terá sido outra coisa (o voo final Lisboa-Madrid-Lisboa, por exemplo) mas o simulador foi, de facto, a experiência que provocou o “click” na minha cabeça. O “click” que, tenho grandes esperanças, me vai fazer encarar as próximas viagens de avião de uma forma muito mais tranquila.
Com ou sem Lexotans, vamos ver na próxima sexta-feira. Tenho malas para fazer, vemo-nos na Índia!
Estamos estacionados no aeroporto de Lisboa, à noite, e já recebemos ordem para descolar. O meu comandante dá-nos uma lição muito rápida sobre alguns instrumentos de voo e insere algumas informações necessárias no computador.
- André, vou-te pedir para dar potência nos motores e acelerar para a descolagem, empurrando lentamente essas duas alavancas para a frente. Isso mesmo, essas. Para a frente.
Ouve-se o barulho dos motores e o avião começa a rodar na pista.
- Mais um bocadinho. Mais, mais… não é preciso toda. Está bom.
As luzes da pista e do aeroporto começam a passar rápido pelas janelas e sente-se as rodas a calcar as irregularidades do asfalto. Acelera, acelera, acelera e…
- Pronto, estamos no ar. Vou-me esquecer de recolher os flaps e o trem de aterragem para vocês verem como “ele” nos avisa. Toca um alarme.
- André, flaps para a posição 1 e trem de aterragem para cima. Aí, nessas alavancas. Isso mesmo.
Estamos mesmo no ar. Olho pelas janelas, para baixo, como se estivesse mesmo lá alguma coisa. E está. A ponte 25 de Abril, a marginal, Cascais lá ao fundo do lado direito. Passamos algumas zonas de turbulência pesada, ficamos algum tempo no meio de uma nuvem escura… até que nos aparece, lá ao longe, outro avião na nossa direcção, em zona de conflito.
- Traffic! Traffic! - avisa a voz do computador. Não é tão sensual como a voz da brasileira de mora no meu GPS, mas é eficaz.
Não nos desviamos e mantemos a rota de conflito, só para ver o que acontece.
- Descend! Descend! - o meu comandante obedece à ordem e o outro avião passa por cima de nós, tranquilamente e sem abanar.
Começamos a dar a volta para regressar. O simulador tem uma taxa de ocupação de 100% e há gente que precisa dele para trabalhar.
- Estão a ver a pista lá o fundo? Aquela faixa de luz que termina em vermelho? André, estás a ver esse joystick ao teu lado direito? Posso pedir-te para o usares para alinhar o avião com a pista?
Não hesito. Começo a virar o bicho para a direita. “Ups, já foi demais. Um toquezinho para a esquerda, agora outro para a direita. Mmm… acho que ainda não está bem”. Tento olhar para os monitores mas nunca gostei muito de jogar esse tipo de jogos no ZX Spectrum. Sempre preferi o Manic Miner, o Chuckie Egg, o Match Day, o Match Point e outros. E ainda confio mais nos meus olhos. Baixo o nariz do avião, empurrando o joystick para a frente, conforme indicação do comandante.
- Agora é melhor eu ajudar. Fazemos os dois.
- É melhor, é. Senão eu ainda espeto com isto no chão e é uma chatice.
Para mim, a ida ao simulador foi o auge destes dois dias de curso intensivo. Houve mais coisas importantes como, por exemplo, muita informação técnica e operacional que me fez compreender uma série de dúvidas que eu sempre usei para, sozinho no meu lugar de corredor, inventar um monte de filmes e enredos que, invariavelmente, acabam em desgraça. Para outras pessoas do grupo terá sido outra coisa (o voo final Lisboa-Madrid-Lisboa, por exemplo) mas o simulador foi, de facto, a experiência que provocou o “click” na minha cabeça. O “click” que, tenho grandes esperanças, me vai fazer encarar as próximas viagens de avião de uma forma muito mais tranquila.
Com ou sem Lexotans, vamos ver na próxima sexta-feira. Tenho malas para fazer, vemo-nos na Índia!
