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Desmame

Se no tempo dos Descobrimentos houvesse internet e sites de previsões climatéricas tão precisos como os que existem hoje em dia, não havia tantos navios naufragados ao largo do Cabo da Boa Esperança.

Aliás, estou mesmo a imaginar a conversa no MSN entre dois jovens marinheiros da época, que terá antecedido a mais um feito importante da nossa história.

- Yo, Bartol(omeu)! Tá tudo?
- Grande Vasquinho, como é?
- Qual é aquele site maravilha que usaste quando passaste o Cabo?
- Espera, já te envio… os gajos não falham. Vais-te mandar?
- Lembras-te daquela chavala que conheci no Hi5? Estou a pensar pegar numas naus e ir ter com ela.
- É isso maior! Mas ela é de onde? Sabes o caminho?
- Diz que é da Índia ou lá o que é… mas vou indo e logo vejo. E se curtir aquilo ainda fico lá uns tempos.

Esta terra está cheia de referências aos navegadores Portugueses (nomes de ruas, locais, praias, monumentos, etc) e é difícil não sentir algum orgulho ao pensar que toda esta costa foi, literalmente, desbravada por “nós”. Sem internet nem previsões climatéricas, sem mapas ou instrumentos de navegação, com a costa sempre à vista. Sem sequer saberem se o mundo acabava na linha do horizonte e se as naus iam resvalar por ali abaixo. Já fomos grandes e este é o país onde as pessoas me olham com mais admiração quando digo que sou Português. E não é só por causa do Cristiano Ronaldo.

Durante a semana que passei em Jeffreys Bay as previsões eram bem claras em todos os sites que consulto regularmente: não ia entrar nenhuma ondulação e, mesmo que entrasse, só iriam estar dois dias de off-shore (bom vento). Ainda assim, levantava-me todos os dias com os primeiros raios de luz a entrar pela janela para confirmar as condições. É que, às vezes, “os gajos enganam-se”. É muito raro, mas acontece. E eu estava à espera de um milagre. “Concede-me só mais isto” – pedia eu nos finais de tarde que passava sentado nos banquinhos de Supertubes, lembrando-me das rezas que fazia com os meus amigos em frente à praia de Leça a pedir ondas para o dia seguinte, ainda não havia esta coisa dos sites. E ainda tínhamos idade para fazer esses disparates!

No único dia em que, possivelmente, teria conseguido andar em Jeffreys, decidi pegar no carro e ir até Cape St. Francis (mais uma referência portuguesa) para surfar em Seal Point, uma direita que tinha identificado dois dias antes.

- Porque é que não entras? Sempre é JBay e assim já podes dizer que surfaste aqui – insistia a Caroline, enquanto víamos o amigo Waren a tentar pôr-se de pé.

Mas eu não quis estragar o mito. Preferi não entrar a fazer uma sessão ruinosa no “melhor point-break de direita do mundo”. Preferi deixar o sonho vivo e o alfinete espetado no meu planisfério, a provocar-me todos os dias durante os próximos anos. “Tenho tempo”, pensei.

Depois de quase 3.000 km a bater praias e apenas três surfadas em condições abaixo da média, já não “Boa Esperança” que resista. Em Cape Town, este vento que não dá tréguas entra off-shore em muitos sítios mas já estou cansado de vaguear como um tonto pelas praias mais selvagens da região à espera de, contra todas as probabilidades, encontrar um tesouro escondido. Não há nada a fazer e eu já sabia antes de vir: é Verão e não é época de muitas ondas. Por isso há que mudar o chip e aproveitar o resto, que também é muito.

Ou, como alguém me disse, estas ultimas semanas são, à respectiva escala, como quando vamos de férias e o voo de regresso é ao início da tarde, deixando-nos algum tempo que já não dá para aproveitar muito. Nessa manhã arrumamos as coisas, vamos uma última vez à cidade, fazemos algumas compras de última hora, enviamos um último postal. Revemos as fotos tiradas, lembramo-nos dos melhores momentos… e fazemos planos para o regresso, prometendo a nós próprios que “a partir de agora vai ser diferente”. Antecipamos o reencontro com as pessoas que nos são queridas. Os abraços no aeroporto, os jantares de histórias e galhofa, as sessões de fotos, as surfadas nas “nossas” praias.

“Sobe para o Marrocos” – diz-me no Messenger o Paulinho, um brasileiro que conheci no Peru. “Estão grandes ondulações no Atlântico Norte e assim já fica pertinho de casa”.

Mmm… com mais umas semaninhas em cima era capaz de ser boa ideia. Mas eu já prometi em casa regressar para o Natal.

Periodo de espera

Waiting for waves is ok. Most people spend their lives waiting for nothing”.

Esta era uma das frases publicitárias de uma conhecida marca de surf cujo proprietário era, se não estou enganado, natural daqui mesmo, de Jeffreys Bay. Li-a muitas vezes nas revistas e há uns tempos, folheando antigos cadernos da escola, também a li escrita com a minha própria letra no meio de outros disparates que me fizeram rir ao relembrar.

Na verdade, esta mensagem transmite bem a principal actividade do surfista: a espera. Tanto que o principal circuito mundial de surf (WCT), que actualmente mais parece uma mega surf-trip de luxo pelas melhores ondas do mundo, tem uma coisa que se chama “período de espera”. Ao contrário do que acontecia há alguns anos atrás, quando os campeonatos eram realizados em praias de centros urbanos capazes que atrair muito público e o round final acontecia, invariavelmente, entre as 15:00 e as 16:00 de Domingo, hoje os campeonatos acontecem nas melhoras ondas do mundo, independentemente da dificuldade de acesso e da possibilidade da presença de publico. Além disso, há as datas de início e fim do evento têm uma grande janela de intervalo, o tal “período de espera” (entre 10 e 20 dias), para se poder escolher os melhores dias e horas para meter as eliminatórias na água. Ao contrário do futebol, do ténis, do golf e de muitos outros desportos, no surf não é possível (ainda) fabricar um estádio ou um campo no local que bem nos apetecer e a especulação imobiliária o permitir e, só assim, os organizadores conseguiram garantir que as provas são, quase sempre, disputadas em condições perfeitas.

Esta foi uma mudança crítica para o surf de competição e para o renascer da sua magia mas terá sido uma decisão, admito eu, muito difícil de tomar devido, principalmente, a uma possível falta de patrocinadores de peso dispostos a investir em campeonatos sem público. A forma encontrada para “compensar” esta diminuição de publico nas praias resultou na melhor cobertura web que alguma organização já conseguiu fazer (o Google Earth não é live e a Nasa e o FBI não contam!). Que eu me lembre, o surf foi o primeiro e continua a ser o único desporto a oferecer (oferecer mesmo) webcast em directo de 100% das provas do seu circuito principal (WCT) e de um número significativo do circuito de qualificação (WQS).

O que me lembra de avisá-los, estimados leitores, que em 2008 vamos ter, pela primeira vez na história, um surfista português (Tiago “Saca” Pires) a correr as etapas do WCT, onde apenas concorrem os 44 melhores surfistas do mundo! 44… em todo o mundo, meus senhores e minhas senhoras! E, já agora, que, se tudo continuar a correr bem, em breve poderemos ter outro português na Fórmula 1, que acrescentou este ano ao seu palmarés o título de campeão da World Series by Renault e que tem um apelido de pompa (Álvaro Parente).

Mas voltando ao inicio… quem, como eu, chegasse ontem a Jeffreys Bay e não soubesse que este é o palco do, pouco discutível, melhor point-break de direita do mundo, simplesmente seguiria caminho após um breve e ultrajante comentário mais adequado a um qualquer beach-break manhoso deste mundo. Qualquer coisa como: “Mmm… é capaz de dar umas às vezes. Parece rolar uma direita. Bora!”

De facto, o tamanho do mar e o on-shore perfeito fazem com que esta me pareça mais uma das muitas praias por onde passei desde que deixei de Durban, há muitos quilómetros atrás, (por quantos picos de qualidade não terei passado?) e elimina qualquer possibilidade de (bom) surf.

Mas este é o meu principal destino na África do Sul. É o meu “papa de Roma”. Foi por esta onda, mesmo sabendo que era a pior altura para o fazer, que decidi investir o orçamento que ainda tinha em caixa e viajar durante dois dias desde Bangkok para uma terra tão diferente e sobre a qual apenas tinha algumas referências na memória, em vez de continuar a dormir por 6 Euros e a comer pratadas de noodles ao preço um café até ao Natal.

Chego cedo, com tempo suficiente para dar uma volta pela vila e estudar a zona. Duas. Três. Até identificar o sítio exacto de todos os picos da “onda mais famosa do mundo” (Magna Tubes, Boneyards, Supertubes, Salad Bowls, Tubes, The Point, Albatross) e escolher um ponto estratégico para ficar a dormir. Escolho a Beach Music, uma casa com acomodações do tipo backpacker de qualidade, que tem à minha espera um quarto no piso térreo, com casa de banho privada e uma porta de vidro para um relvado que dá acesso directo a Supertubes, o pico principal. Tem também zonas comuns muito agradáveis, como uma sala com grandes vidros no andar de cima, de onde se vai ver a onda toda quando começar a rolar, e uma boa cozinha onde posso preparar as minhas próprias refeições (cof, cof).

- Qual é a tarifa por noite?
- 250 Rand (25 Euros).
- Mmmm… e se eu ficar alguns dias, não me pode baixar um pouco? 200?
- Desculpe, não posso. Estamos em época alta e já estou a fazer um preço especial por ser apenas um pessoa (o eterno problema de viajar sozinho).
- OK, tudo bem. Eu fico.
- Quantas noites?
- Três ou quatro, pelo menos. Depois, tudo depende das ondas!
- Claro! (risos)

Começou o meu “período de espera”.



Jeffreys Bay, na melhor onda do melhor set... nas primeiras duas horas de espera.


Algumas notas para os mais leigos em termos de surf:

point-break: praia ou local onde as ondas normalmente rebentam de forma obliqua em relação à costa, o que origina ondas muito compridas; muitas vezes os fundos são fixos (pedra) ou muito constantes (junto a paredões) o que faz com que, com as condições certas de ondulação e vento, as ondas estejam sempre boas durante muuuuitos anos.

beach-break: praia com fundo de areia, onde tendencialmente as ondas fecham mais ou são mais curtas, por isso não tão boas para o surf.

on-shore: vento que sopra na direcção do mar para a terra; em oposto ao off-shore (da terra para o mar), que é a melhor direcção de vento para o surf.

Dar tempo ao tempo

O tempo e a vivência de novas experiências acabam sempre por relativizar acontecimentos que, na altura em que os vivemos, nos parecem mais marcantes do que realmente são. Estou plenamente convencido de que é isso que vai acontecer à minha primeira semana na África do Sul.

Depois de três dias debaixo de ventos quase ciclónicos e chuva quanto baste, convenço-me que não vale a pena esperar mais pelos potentes beach-breaks dos piers da Golden Mile. As previsões vão de encontro à minha falta de paciência e este tempo é para ficar, pelo menos, durante uma semana.

Durban é uma cidade que, para além do beachfront, não tem nada de muito interessante e, não param de me avisar, demasiado perigosa depois do anoitecer.

“Quer ir a um Cybercafe? Eu mostro-lhe onde é… mas volte antes do anoitecer e pelo mesmo caminho. Não se engane na direcção, duas ruas para dentro já é perigoso. E leva o seu laptop? Se calhar é melhor usar os computadores de lá, para não correr muitos riscos.”

Parece-me que, como acontece habitualmente, há algum exagero e sobre-protecção do turista mas, de facto, e chamem-me agora racista se for isso que entenderem das minhas palavras, o ambiente produzido pela população local de pretos (digo “preto” com a mesma naturalidade com que digo “branco” e não “caucasiano”) intimida um bocado e, ao escurecer, o centro da cidade fecha e esvazia, tornando-se num local realmente a evitar.

De qualquer forma, não me resta mais nada para fazer na cidade. Na verdade, com esta conjugação de factores, temo que dificilmente conseguirei encontrar ondas surfáveis até chegar à província de Easter Cape, onde a costa muda ligeiramente de direcção e é mais recortada, formando praias mais do tipo baía (mais protegidas do vento e com fundos mais constantes) do que propriamente uma linha de areal contínuo como em Kuazulu-Natal.

Até Port Elizabeth são muitos quilómetros e, além de tentar aproveitar ao máximo o visual das estradas costeiras, tenho mesmo que dormir algures pelo caminho, independentemente de haver surf ou não. Por isso, deixo Durban munido de um mapa de estradas, algumas dicas do João Rebelo, um amigo que já viveu e trabalhou na África do Sul, e demasiados folhetos retirados do Posto de Turismo com o simples objectivo de “ir indo”.

Vou batendo algumas praias apenas para confirmar, vez após vez, as péssimas condições que os Deuses Éolo e Neptuno reservaram para mim e acabo por parar antes de anoitecer em Margate, uma vila que me pareceu ter alguma movida. No dia seguinte, encontro uma boa praia onde consigo surfar pela primeira vez numa direita cheiosa que deixava muito a desejar. Passo o resto da tarde à procura de outras ondas e acabo o dia a surfar uns quebra-cocos miseráveis na praia em frente ao meu hotel.

- São sete horas de viagem até East London. A estrada deixa a costa e tens que ir pelo meio da montanha. Vais entrar num buraco negro, tens que sair cedo e fazer tudo seguidinho para chegares ainda de dia – avisa-me um senhor com quem converso durante o jantar.

Não percebi se havia alguma conotação racial nas suas palavras, mas a verdade é que durante todo o caminho passei por imensas aldeias montadas sobre os montes e pequenas cidades onde não vi um único branco.

Decido fazer uma única paragem em Mthatha, uma cidade que viu Mandela crescer, para, da mesma assentada, meter gasolina, comer e ir à casa de banho. Tento ser cuidadoso com o sítio que escolho para parar o carro em segurança, uma vez que, para além de tudo o resto, transporto as pranchas que, inevitavelmente, têm que ficar à mostra. Consigo parar o carro em frente ao um movimentado KFC (não era o que me apetecia comer) para assim não perde-lo de vista enquanto vou comprar alguma coisa. Em todo o caso, levo comigo “a” mochila, que tem o computador, documentos, cartões bancários, etc. mas da fila para a caixa até consigo ver a traseira do carro.

Eu fui cuidadoso, diabos! Mas, ainda assim, quando me preparava para pedir o meu almoço, uma senhora entrou na loja a avisar que estavam a assaltar um carro. “É o meu, claro!”. Nos três segundos que demoro a sair consigo imaginar cinco ou seis gajos a descarregar as pranchas para um camião, já com o carro sem pneus e pronto para ser incendiado! Mas não… apenas vejo algumas pessoas a correr e mal chego ao carro percebo, de imediato e com a serenidade possível, o resultado do assalto. As pranchas estavam lá, “a” mochila estava nas minhas costas e a mala não tinha sido aberta. Levaram-me “apenas” uma máquina fotográfica e um par de óculos que estavam no porta-luvas.

“Vai atrás dele, ainda o consegues apanhar!”. “Fecha mas é o carro antes que te roubem o resto!”. “Fecha o carro e vai, ele largou as coisas!“. “Espera pela polícia!”. “Mata!”. “Esfola!” – nem sei como conseguir manter alguma calma no meio daquela confusão.

Fecho o carro, peço a um senhor que se mostrava indignadíssimo para ficar a tomar conta e corro na direcção que me apontam… para encontrar as minhas coisas uns metros à frente, delicadamente pousadas numas escadas que dão acesso a um jardim.

Apesar da minha vontade ser sair dali o mais depressa possível, espero pela polícia, conforme me implora a maioria das pessoas, que apareceu já com o assaltante algemado e deitado na parte traseira da carrinha de caixa aberta. Sigo-os até à esquadra para formalizar a queixa e abrir o processo, enquanto o suspeito capturado se queixa e suplica por alguma coisa de beber com um, em certa medida comovente, olhar de impotência e sujeição.

Sigo viagem para East London, onde chego já de noite, com a fechadura da porta do passageiro estragada e mais uma história para contar e alojo-me num bom hotel, com parqueamento fechado e dois seguranças nocturnos armados com espingardas.

Zulu time

Desde Março de 2004, quando desisti à última hora da viagem que estou a fazer agora, que tenho um planisfério colado numa placa de esferovite onde marquei todas as ondas que queria conhecer. A rota da viagem era assim determinada, unindo esses pontos e considerando eventuais desvios e travessias para visitar lugares e ícones históricos. Durante os três anos que se seguiram, enquanto vivia no mundo real à espera da oportunidade e da melhor altura para concretizar este projecto, pegava muitas vezes no mapa e, sentado no sofá, começava a viajar em sonhos.

Há muitos outros sítios onde quero ir e outros tantos que quero repetir mas, de todos esses alfinetes que marcam a viagem originalmente idealizada, há um único que não ainda posso pôr a verde, que marca uma pequena vila na África do Sul.

Quando comprei o bilhete RTW, tive que deixar o continente Africano de fora. Por um lado, por razões de tempo e eficiência de itinerário mas, principalmente, por razões orçamentais, uma vez que isso implicaria um aumento muito significativo no preço total das passagens.

Ligo a Internet e abro seis sites ao mesmo tempo. Dois de bancos e quatro de companhias aéreas. Revejo ao pormenor as minhas contas bancárias e faço cálculos detalhados aos saldos, ao comprometido nos cartões de crédito e ao que ainda vou gastar nos próximos dias na Tailândia. Tenho poupado e, com excepção da Costa Rica (por causa do assalto) e da Austrália, tenho estado sempre abaixo dos 50 Euros diários orçamentados. O valor pago pelo seguro e as contribuições dos leitores e amigos também foram fundamentais para garantir que não entrar em bancarrota (“bankrupt”, com dizia na Indonésia para não pagar parque ou para ter uma desculpa para não comprar t-shirts às velhotas de Uluwatu). Dá, tem que dar! Pode ser à justa, mas vai dar.

Confirmo, em tempo real, os horários e os valores das tarifas para tentar escolher a melhor opção mas, com apenas três semanas de antecedência e com data de regresso em cima do Natal, já há muito poucas alternativas viáveis. Na Singapore Airlines, a minha primeira escolha, já só há lugares de primeira classe. Na Emirates, via Dubai, a mesma coisa. Na prática, restam-me duas opções para voar de Banguecoque para Joanesburgo: com a Ethiad (quem??), via Abu Dabi (onde??) ou, não deitando fora o segmento já incluído e pago na bilhete RTW da Qantas, voar para Londres e daí apanhar um voo com a South African Airways. A segunda opção fica 200 Euros mais barata e, apesar de ser muito mais longe e ineficiente, coloca-me em Joanesburgo no mesmo dia, praticamente à mesma hora. Ora, está decidido então. Prefiro aguentar no corpo esses 200 Euros e guardá-los para outra coisa qualquer.

Esta é a pior época de surf na África do Sul, particularmente em Jefrreys Bay, a tal vilazinha marcada no meu mapa. Para lá chegar, tenho que dar meia volta ao mundo para um lado e mais meia para baixo, passando duas noites num avião e um dia inteiro no frio de Londres. O meu orçamento está no limite, pelo que surpresas desagradáveis terão que ser cobertas pela minha conta de poupança, que prometi a mim mesmo não mexer. O meu joelho esquerdo, que cedeu sem justificação aparente durante uma noite mal dormida no aeroporto de Singapura, continua a estalar e a doer quando é solicitado.

Mas esta alteração de rota acrescenta o continente que faltava a esta volta ao mundo, tornando-a mais rica e dando-me oportunidade de conhecer mais um novo universo tão diferente do habitual, que para primeira impressão, num fim de tarde chuvoso e escuro no centro de Durban, já me está a dar suores frios!

Pouca coisa é capaz de parar um sonho.

O itinerário actualizado, que mais parece uma teia de aranha.

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